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25 maio 2010

Alta Floresta poderá ser classificada com a 1ª Cidade sustentável pela ONU

Alta Floresta poderá ser considerada pela Organização das Nações Unidas(ONU) a primeira cidade sustentável da Amazônia e a quinta cidade do mundo a receber o título. A proposta está sendo desenvolvida pelas prefeitura de Alta Floresta em parceria com a de Curitiba e Fundação Ecológica Cristalino (FEC) e será apresentada no Encontro sobre Cidade e Biodiversidade, promovido pela ONU em outubro deste ano, na cidade de Nagoya, no Japão. Os levantamentos para a candidatura estão acontecendo desde o ano passado e têm a colaboração do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), considerada a cidade com melhor planejamento urbano do Brasil, e poderá envolver mais 15 municípios do Portal da Amazônia mato-grossense.

Cidade de Alta Floresta - MT


Um das principais justificativas para a candidatura de Alta Floresta e o Portal da Amazônia é a proximidade com extensas áreas conservadas de floresta Amazônica com alto grau de biodiversidade, espécies raras e endêmicas (que só existem naquele lugar) da fauna e da flora. O arquiteto Edson Da Riva Carvalho, coordenador do Programa de Planejamento Urbano e Territorial da FEC, explica que a qualidade do processo de urbanização das cidades irá refletir diretamente na conservação e uso sustentável das áreas de borda da floresta Amazônica. Estas cidades localizadas no extremo Norte do Estado ainda possuem áreas extensas de floresta, um ambiente favorável para a existência da biodiversidade dentro da área do município. É comum ver bandos de araras, macacos e capivaras em pontos preservados da cidade.


Com trabalhos relacionados à área de permacultura e planejamento urbano sustentável, Edson diz que a sustentabilidade das cidades preocupa a ONU pois mais da metade dos habitantes do mundo vive em áreas urbanas que ocupam 2% do superfície territorial do planeta e consomem 75% os recursos. "O processo de urbanização esta acontecendo numa escala muito rápida. A iniciativa de trabalhar com biodiversidade urbana esta diretamente ligada às questões de planejamento das nossas cidades, cujo modelo convencional nunca se preocupou com este tema e focava apenas na solução de problemas urbanos a curto prazo. Hoje, estamos vendo nos jornais e noticiários que este formato esta em crise, representado pelas catástrofes e problemas ambientais que afetam milhões de pessoas em cidades de todo o mundo", diz. A impermeabilização do espaço urbano, com asfaltos e outras formas de pavimentação, retirada da cobertura vegetal, drenagem de córregos e áreas umidas e até mesmo o aterramento de olhos d água são alguns dos motivos para as atuais catastrofes naturais. "Desenvolvemos áreas habitacionais em locais totalmente inapropriados para a vida humana e agora, muitas vezes,queremos culpar a natureza pelas catástrofes," completou o arquiteto. Fonte: A Gazeta Natureza

Pacto pela vida

Flora e florestas

Vinte e seis entidades não governamentais e instituições públicas, incluindo o governo de Mato Grosso, estão discutindo, há mais de um ano, como implantar o programa de Redução das Emissões do Desmatamento e da Degradação florestal (Redd).



Trata-se de um verdadeiro pacto pela valorização da floresta e pelo fim do desmatamento na Amazônia brasileira. Estudos realizados apontam que, no contexto do regime internacional de enfrentamento das mudanças climáticas, é possível mobilizar recursos e adotar instrumentos capazes de garantir uma redução forte e sustentável do desmatamento na Amazônia. E isso pode ser feito por meio da implantação de Redd.


Mato Grosso reúne condições importantes para a implantação do mecanismo de Redd, tais como ferramentas adequadas de licenciamento ambiental das propriedades rurais, uma estrutura própria de gestão florestal, situação fundiária relativamente definida, apoio ao pacto por parte do governo estadual, de organizações da sociedade civil e de setores econômicos.


Os pesquisadores indicam que as ações preparatórias para se implantar efetivamente o mecanismo de Redd são o aprimoramento do controle do desmatamento, refinamento da linha de base a ser usada como referência para o cálculo das metas de redução, e desenho dos instrumentos específicos de Redd. "A regularização ambiental é um fator importante para o sucesso do programa. Assim, é necessário trazer o maior número possível de propriedades rurais para o cadastro do Estado, focando em áreas com maior risco de desmatamento, paralelamente com as negociações setoriais e as iniciativas de cadastramento sistemático em nível municipal", comenta um dos coordenadores das pesquisas sobre Redd do Instituto Centro de Vida (ICV), Sergio Guimarães.


Os autores buscaram como referência as experiências de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) para conservação de florestas na América Latina. Segundo dados coletados, essas experiências indicam que o instrumento deve oferecer incentivos adequados aos proprietários rurais e se apoiar em uma rede institucional forte para assegurar uma gestão eficiente e monitoramento adequado. Além disso, a transparência da informação sobre implantação, resultados e impactos ambientais e socioeconômicos nas áreas de implantação é fundamental para permitir o controle social sobre o programa. Fonte: A Gazeta

20 junho 2009

Ecossocialismo ou barbárie!

Opinião

O ser humano há muito tempo vem relacionando-se de forma desordenada com a natureza, usando e ocupando a Terra de maneira predatória, causando um desequilíbrio ecológico sem precedentes. O século XXI já se inicia com desastres ambientais e crises profundas na ordem mundial que vai de tsunamis e furacões até às guerras que se espalham pelo mundo. O aceleramento das mudanças climáticas é conseqüência dessa relação do homem com a natureza, produzindo assim impactos catastróficos nas vidas humanas, animal e vegetal. Esse acontecimento é real e comprovada por uma pesquisa (IPCC) Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas de 2007 realizada por pesquisadores do mundo que comprovam essa mudança do clima.

Mas não é o Aquecimento Global e as mudanças Climáticas que afligem e preocupam os governos, os meios de comunicação e a maioria da população, a verdadeira preocupação é a crise no sistema financeiro mundial. E essa crise é analisada separadamente das relações sociais e ambientais, como se não houvesse qualquer interferência entre elas.

Diferentemente desses, existem pessoas organizadas ou não que acreditam que essa crise é sistêmica. Ela é ao mesmo tempo econômica uma vez que interfere profundamente no trabalho, na produção e no consumo das pessoas, aumentando o preço de produtos básicos para a sobrevivência humana. Política, já que os direcionamentos dados a cada problemática são diversos e relacionados a pensamentos ideológicos. Também é social, pois as estruturas da sociedade não dão conta das necessidades e desafios atuais, interferindo, diretamente, na forma de organização das sociedades. E, profundamente, ambiental, já que a natureza é fator limitante para a sobrevivência das pessoas, pois é dela que são retirados os recursos que geram o ciclo de produção e consumo e reprodução da humanidade. E, além disso, é ética, por colocar em cheque valores como o individualismo e a responsabilidade com as atuais e futuras gerações. Nenhuma dessas crises estão isoladas umas das outras. Isso quer dizer que a crise ecológica e o colapso social estão profundamente relacionados. Suas conseqüências deveriam ser vistas como manifestações diferentes, mas com causas nas mesmas forças estruturais, o capitalismo.

Essa crise é resultado do modelo de civilização que vivemos que coloca o desenvolvimento e o lucro acima dos limites do planeta e de todas as formas de vida. Devemos perceber que os recursos naturais são limitados e que não podemos destruí-los para o benefício de uma parcela da humanidade, excluindo, massacrando e explorando a maioria da população. Mas ao mesmo tempo, a Terra é rica e abundante tendo condições de alimentar todos os povos, com respeito e distribuição dos recursos de forma igual e sempre com o cuidado para com a nossa grandiosa e generosa Mãe Terra. Cuidar da Terra é perceber que somos parte integrante dela e que podemos viver em harmonia com todos os seres, sem degradar. Satisfazendo as nossas necessidades.

Por isso é fundamental romper com o atual modelo de desenvolvimento, o capitalismo, que já se mostrou incapaz de regular e, muito menos, de superara as crises que criou. Ele não consegue resolver a crise ecológica porque fazê-lo significa colocar limites ao processo de acumulação, uma opção inaceitável para um sistema baseado na maximização do lucro. Devemos partir para a superação desse sistema, e construir o ecossocialismo. Um modelo de sociedade que estabeleça uma relação igualitária entre a humanidade com ela mesma e com a natureza.

O Ecossocialismo é, então, uma das opções políticas que atuam no interior do ambientalismo. É parte do movimento sócio-ambiental que é anti-capitalista unindo a luta ecológica à causa socialista. Assim, ele se contrapõe tanto com os socialistas que não consideram a importância estratégica da luta ecológica, como com os ecologistas que não atuam no sentido anti-capitalista.

Construir o Ecossocialismo significa lutar pela não separação dos produtores (trabalhadores) dos meios de produção (ferramentas necessárias para que os trabalhadores consigam transformar a matéria prima em produto) que é um dos princípios do socialismo, associada com a redefinição da trajetória e objetivo da produção em um contexto ecológico, ou seja, repensar todo o processo produtivo; a necessidade desse produto para a humanidade, como ele será produzido, que recursos ele necessita para ser produzido, se pode ser substituído por outro que cause menos impacto, como e onde ele será descartado.

Ele integra o socialismo e a ecologia especificamente em relação aos “limites ao crescimento”, essencial para a sustentabilidade da sociedade. Isso sem impor escassez, sofrimento ou repressão à sociedade. Propõe uma profunda transformação das necessidades, uma mudança de dimensão qualitativa, não quantitativa na vida das pessoas. O que quer dizer valorização dos valores de uso em detrimento dos valores de troca sob uma perspectiva ecológica.

Não se trata de contrapor a sobrevivência humana à de outras espécies, trata-se de entender que elas são inseparáveis e que nossa sobrevivência como seres humanos depende da salvaguarda do equilíbrio ecológico e da diversidade das espécies.” *

Michael Lowi

Lutar pelo ecossocialismo é também estar junto na luta das mulheres. É compreender que não existirá uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária se as mulheres continuarem a serem descriminadas, violentadas e desvalorizadas em relação ao outro sexo, o homem, e nem se o feminino não estiver no mesmo patamar que o masculino. É lutar para que as mulheres tenham autonomia sobre seus corpos podendo decidir sobre ele.

É também combater o racismo. Não permitir que nenhum ser seja descriminado pela sua cor, cabelos, olhos, vestimenta, música, ou qualquer outro tipo de forma. Deve haver o respeito pelas diferentes culturas, diferentes maneiras de viver.

Os Ecossocialistas também estão na batalha pela livre orientação sexual. Não aceitam que pessoas sejam julgadas e condenadas pela escolha sexual que fazem. As pessoas devem ser livres para amar.

É lutar pela soberania dos povos. Nenhum povo deve ser subjugado por outro.

Construir o Ecossocialismo é também carregar as bandeiras geracionais. É perceber que cada geração tem necessidades diferentes. É compreender que os jovens são sujeitos de direitos. A juventude não una, é diversa, múltipla. Ela é mais do que uma etapa na trajetória de vida dos indivíduos, é mais do que uma fase preparatória para a vida adulta. A condição juvenil possui "valor" por si mesma. Ela exige uma série de políticas públicas gerais, e também específicas, que se mostrem aptas a minimizar os riscos e os problemas sociais que recai principalmente sobre essa geração, bem como maximizar as oportunidades de inserção econômica, social, política e cultural dos jovens.

A juventude tem um papel importante nessa construção. 51 milhões de jovens brasileiros com idade entre 15 anos e 29 anos** enfrentam diversos riscos e problemas no seu cotidiano causados pelo modelo de desenvolvimento da nossa sociedade, que só tende a piorar quando chegarem à idade adulta. Esses jovens que enfrentam riscos e problemas só conseguirão superá-los com a sua inserção na mobilização social e política das organizações da sociedade civil.

Para os ecossocialistas as lutas não estão separadas. Por isso, as crises podem e devem ser vistas como oportunidades revolucionárias, e como tal temos o dever de afirmá-las para superá-las.

[1]

Rebeca Raso - Estudante de Economia Doméstica da UFC, Integrante da Juventude Alternativa Terrazul, Coletivo Jovem pelo Meio Ambiente Ceará, REJUMA e Rede Brasileira de Ecossocialistas Fonte: Terrazul


Sete passos para salvar a Terra

Parece, mas o título deste artigo não é coerente. É que a ideia de super-herói está no inconsciente coletivo da humanidade. Pois quando se fala de consertar o que está além de si, dar conselhos, opiniões, a maioria está disposta, parece fácil. Portanto, o termo "salvar a Terra" não propicia uma reflexão profunda, quando se refere às questões ambientais. A verdade é que se trata de "salvar" a própria raça humana, pois é ela que está em perigo de extinção, isso é óbvio.

O planeta, como em todas as eras de aquecimento e arrefecimento que já houve, se refez, brotou, floriu novamente ao longo dos quase 5 bilhões de existência. A vida do homem, que há pouco existe por aqui, é que está em jogo. Cuidar do meio ambiente, portanto, é uma defesa em causa própria, é manter qualidade de vida para si e para as próprias gerações que virão. Falta mesmo é amor e gratidão na relação do homem com o meio ambiente.

Em tempos de aceleradas alterações climáticas o maior dilema ético é sobre o que cada um pode fazer para que o planeta superaqueça menos do que o esperado. Dentre tantas alternativas propostas por cientistas, governos e empresas, também individualmente todos podem contribuir como agentes de mudança nessa causa coletiva, a exemplo da prática dos 7 Rs. Você pode associar cada um dos sete passos a seguir a um dia da semana, como técnica de neuroaprendizagem. São exemplos ao alcance de todos que desejam se tornar gestores conscientes do próprio consumo na relação com o meio ambiente.

1. Domingo - Reduza: Um dos vilões da degradação ambiental é o consumismo. O consumo exacerbado além de causar diferenças sociais, também provoca o desperdício. Use ao máximo o que você comprar nesta semana;

2. Segunda-feira - Reutilize: Reinvente sua relação com aquilo que você não utiliza mais para o mesmo fim. Seja criativo, descubra alternativas para o que você não usa mais com a finalidade inicial. As pessoas são frequentemente muito imaginativas ao reutilizarem os objetos, ao invés de jogá-los fora;

3. Terça-feira - Recicle: Refaça ou destine o que não pode ser reutilizado para que seja transformado e reintroduzido na cadeia produtiva com outras formas de utilidade, e ainda gerar renda. Muito pouco do que se descarta é lixo;

4. Quarta-feira - Repense: Antes de adquirir ou produzir, pergunte a si mesmo sobre o que pode ser feito de forma que cause menor impacto ambiental. Repensar o estilo de vida é uma mudança de dentro para fora, mudança de conceito, de paradigma, de produção, de consumo e acima de tudo, de ganho. É resignificar o próprio conjunto de valores, reavaliar ações e adotar novas formas de pensar e agir;

5. Quinta-feira - Recuse: Compre aquilo que tiver procedência. Se não tiver, exija. Saiba de onde vem o que você consome e quanto custou isso ao meio ambiente. Aceite o que for sustentável. Qualquer produto que esteja de acordo com os princípios sustentáveis agrega valor para quem produz e mais consciência para quem consome. Redirecione sua forma de consumo;

6. Sexta-feira - Recupere: Contribua de alguma forma para recuperar e conservar a biodiversidade. Comece pelo quintal da sua casa, pelas praças do seu bairro, pelo ar do seu ambiente. Plante árvores, doe também, se puder. Muita coisa em nosso planeta sofre com a poluição e a degradação, é preciso pensar em como recuperar tudo que vem sendo destruído. Proponha também soluções ao governo, as empresas e a sociedade;

7. Sábado - Respeite: Considere o planeta como um organismo vivo, reveja a relação que mantém com a mãe natureza e cuide mais dela. Entender as formas de vida que existem é a primeira atitude para respeitá-las. Mais amor é a solução para esse caso.

No próximo domingo reinicie os 7 passos. Essa atitude pode provocar-lhe a maior das mudanças, a de si mesmo. Criar um comportamento novo como o senso de autopreservação, aos poucos, se tornará um hábito coerente com a natureza e toda a complexa biodiversidade nela existente. Isso pode significar o ar mais limpo para respirar e um consumo mais saudável, ecologicamente correto. Divulgue esses passos. Cuidar do planeta é efetivamente fazer o que estiver ao seu redor.

O objetivo maior da humanidade será o de viver em harmonia consigo, com os demais seres e com o meio ambiente. O filósofo Platão, discípulo de Sócrates, disse que tudo começa no mundo das ideias. E o pensar sustentável é o que conduz a uma atitude ambientalmente responsável, que motiva o ser humano a agir em prol da mudança e fazer diferente. Há uma expressão que diz: "Você não pode escolher como vai morrer ou quando. Você só pode decidir como vai viver agora". Pense nisso e faça do "agora" um ambiente melhor.

Autor:Jair Donato é jornalista em Cuiabá, consultor de empresas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jairdomnato@gmail.com


17 abril 2009

Perguntas e respostas sobre Aquecimento Global






O alerta dos cientistas sobre o aquecimento global e suas conseqüências, que há poucos anos mobilizava apenas órgãos técnicos de governos e ambientalistas, hoje se tornou um tema onipresente. O combate ao aumento do efeito estufa está na retórica dos políticos e nos planos de negócios dos empresários. Virou ferramenta de marketing na publicidade e de autopromoção entre celebridades. Em todo o mundo, a possibilidade de ocorrerem catástrofes cada vez mais devastadoras por causa da elevação da temperatura no planeta é tema obrigatório nas rodas de conversa. Entenda por que o planeta esquenta, e o que a elevação da temperatura pode fazer com ele.



1. O que é o efeito estufa?

O efeito estufa é o fenômeno natural pelo qual a energia emitida pelo Sol - em forma de luz e radiação - é acumulada na superfície e na atmosfera terrestres, aumentando a temperatura do planeta. De suma importância para a existência de diversas espécies biológicas, o efeito estufa acontece principalmente pela ação de dióxido de carbono (CO2), CFCs, metano, óxido nitroso e vapor de água, que formam uma barreira contra a dissipação da energia solar. A maioria dos cientistas climáticos crê que um aumento na quantidade desses gases provoca uma elevação da temperatura da Terra.



2. A emissão desses gases está aumentando?

Com o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis cada vez mais intensos, a concentração desses gases está aumentando, especialmente as de CO2 e metano. Desde 1800, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera cresceu 30%, enquanto a de metano aumentou 130%. Analisando camadas de gelo da Antártica, cientistas europeus descobriram que o ritmo de aumento na concentração de CO2 é impressionante: nos últimos 150 anos, o gás propagou-se pela atmosfera do planeta cerca de 200 vezes mais rápido que nos últimos 650.000 anos.



3. Quais são os maiores emissores de gases do efeito estufa?

Os maiores emissores de gases responsáveis pelo efeito estufa são Estados Unidos, União Européia, China, Rússia, Japão e Índia. Entre essas nações, os Estados Unidos - responsáveis por cerca de 36% do total mundial - lideram as emissões tanto em termos absolutos como per capita. Entre 1990 e 2002, os EUA aumentaram em 15% o nível de emissão de gases, chegando a 6 bilhões de toneladas ao ano. Para efeito de comparação, todos os países membros da UE emitiram, juntos, cerca de 3,4 bilhões em 2002. A China, terceira colocada no ranking, emitiu 3,1 bilhões de toneladas.


4. Quais são as evidências do aquecimento do planeta?

Há diversas evidências de que a temperatura global aumentou. Os termômetros subiram 0,6°C entre meados do século XIX e o início do século XXI - desses, 0,5°C apenas nos últimos 50 anos. Outra evidência é a elevação de 10 cm a 20 cm no nível dos oceanos nesse período. Além disso, as regiões glaciais do planeta estão diminuindo: em algumas zonas do Ártico, por exemplo, a cobertura de gelo encolheu até 40% em décadas recentes. Cientistas também consideram prova do aquecimento global a diferença de temperatura entre a superfície terrestre e a troposfera - zona atmosférica mais próxima do solo.


5. Quanto a temperatura pode subir?

Os atuais modelos científicos prevêem que, se nada for feito, a temperatura global pode aumentar entre 1,4°C e 5,8°C até 2100. Cientistas menos otimistas acreditam que a temperatura de certas áreas do globo pode subir até 8°C no período, e que, mesmo com um corte radical na emissão de gases, os efeitos do aquecimento continuarão. Isso porque são necessárias décadas para que as moléculas dos gases que já estão na atmosfera sejam desfeitas e parem de acumular energia solar em excesso.



6. Os atuais modelos de previsão de clima são confiáveis?

Os debates em torno da eficácia e precisão dos atuais modelos de previsão climática são acalorados. Uma minoria científica crê que os sistemas computadorizados são demasiadamente simplificados, incapazes de simular as complexidades do clima real. Porém, a maior parte comunidade científica mundial defende que as atuais análises feitas em computador, apesar de precisarem ser aperfeiçoadas, já são confiáveis para simulações de futuro próximo - intervalos de 25 ou 30 anos.


7. Quais serão os principais efeitos do aquecimento?

Os cientistas climáticos são unânimes em afirmar que o impacto do aquecimento será enorme. A maioria prevê falta de água potável, mudanças drásticas nas condições de produção de alimentos e aumento no número de mortes causadas por inundações, secas, tempestades, ondas de calor e fenômenos naturais como tufões e furacões. Além disso, pesquisadores europeus e americanos estimam que, caso as calotas polares derretam, haverá uma elevação de cerca de 7 metros no nível dos oceanos. Outro impacto provável é a extinção de diversas espécies animais e vegetais.


8. Quais países serão mais afetados?

Apesar de os grandes responsáveis pelo aquecimento global serem as nações desenvolvidas da América do Norte e Europa Ocidental, os chamados países em desenvolvimento serão os que mais sentirão efeitos negativos. Isso acontecerá porque essas nações possuem menos recursos financeiros, tecnológicos e científicos para lidar com os problemas de inundações, secas e, principalmente, com os surtos de doenças decorrentes. A malária, por exemplo, deve passar a matar cerca de 1 milhão de pessoas ao ano com o aquecimento do planeta.



9. Quais espécies animais serão mais afetadas?

Segundo as estimativas da Convenção das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCCC), a maioria das espécies atualmente ameaçadas de extinção pode deixar de existir nas próximas décadas. As projeções indicam que 25% das espécies de mamíferos e 12% dos tipos de aves seriam totalmente banidos do planeta com o aumento da temperatura, que provocaria mudanças drásticas principalmente nos frágeis ecossistemas florestais e pantanosos.



10. Como impedir um aquecimento global exagerado?

Cientistas e engenheiros defendem que a solução para o aquecimento global exagerado está no desenvolvimento de tecnologias energéticas que emitam menos dióxido de carbono. Entre as mais pesquisadas atualmente estão a fissão nuclear, células combustíveis de hidrogênio, desenvolvimento de motores elétricos e também o aprimoramento de motores à combustão pela diminuição do consumo e pela diversificação de substâncias combustíveis. No Brasil, ganha destaque o desenvolvimento de matrizes energéticas de origens vegetais, como o etanol, o biodiesel e também o Hbio.



11. Qual a importância do Protocolo de Kioto para conter o aquecimento?

O protocolo de Kioto - que entrou em vigor em fevereiro de 2005 e conta com a participação de 163 nações - prevê que até 2012 seus signatários reduzam as emissões combinadas a níveis 5% abaixo dos índices de 1990. A eficácia do acordo, contudo, é limitada, pois até o momento os Estados Unidos, maior emissor mundial de dióxido de carbono, não ratificaram o pacto. Especialistas acreditam que as resoluções de Kioto apenas combatem a camada mais superficial do problema do aquecimento global.

Fonte; Veja


Até onde a Amazônia pode resistir?

Do Descobrimento até o final da década de 70, apenas 4% de toda a Amazônia havia sido devastada. Isso corresponde a arrancar menos que um gomo de uma laranja. Nos últimos vinte anos, já se foram mais dois gomos. Hoje, a área desmatada da floresta equivale à de um país como a França. Essa ainda seria uma situação confortável se o futuro não prometesse coisa muito pior. Caso nada seja feito para estancar a destruição, daqui a apenas vinte anos poderão restar somente 28% de mata virgem na Amazônia, na hipótese mais benigna, ou ainda menos – 4,7% –, a se confirmarem as hipóteses mais pessimistas levantadas pelo grupo de cientistas liderado pelo biólogo americano William Laurance, pesquisador do Smithsonian Tropical Research Institute, um dos centros de pesquisa da prestigiosa Smithsonian Institution dos Estados Unidos, e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus.


Alberto Cesar
William Laurance: devastação em torno de uma hidrelétrica como a de Samuel vai a até 25 quilômetros das bordas do reservatório


Laurance, de 43 anos, criou um modelo de previsão matemática do desmatamento com base nas obras construídas na Amazônia. Ele é autor de mais de cinqüenta artigos e de dois livros sobre a região e vive em Manaus há cinco anos. Metido em bermudas largas, camisas pólo e sandálias, é capaz de passar horas sobre um pequeno computador portátil redigindo seus textos e fazendo cálculos. Com sua fórmula, o cientista projetou quanto pode ser destruído em volta de cada nova obra planejada no programa Avança Brasil, que começou a ser implementado pelo governo em janeiro deste ano. O que ele analisa, no fundo, é a medida da ocupação humana na maior reserva florestal contínua do planeta, uma região que abriga quinze vezes mais espécies de peixes que todos os rios europeus, guarda 20% da água potável do mundo e tem a maior linhagem de aves, primatas, roedores, jacarés, sapos, insetos e lagartos da Terra.

No meio dessa biodiversidade, o governo planeja pavimentar ou construir 8.000 quilômetros de estradas. Até 2007, devem estar operando mais de uma dezena de portos e quatro aeroportos novos ou ampliados, dois gasodutos, três usinas termelétricas, toda a segunda etapa da hidrelétrica de Tucuruí, mais a de Belo Monte, no Rio Xingu, e as hidrovias Araguaia–Tocantins (2.250 quilômetros) e do Madeira (1 056 quilômetros), além de milhares de quilômetros de linhas de transmissão de energia e de um novo trecho de 1.400 quilômetros da Ferrovia Norte–Sul. Em oito anos, a região terá recebido quase 40 bilhões de reais em investimentos.


Fotos Janduari Simões
Janduari Simões
Nepstad e seu experimento na Floresta do Tapajós: simulação de uma seca para estudar a reação da Amazônia na hipótese de ocorrer um mega El Niño

No passado, a implantação de projetos dessa magnitude criou situações que podem ser medidas com precisão – e é dessas medições que parte a projeção sombria de Laurance. Alguns dos piores resultados da ocupação podem ser vistos às margens de rodovias como a Belém–Brasília, aberta nos anos 60, e a PA-150, o corredor da madeira no leste do Pará. Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mediu a devastação provocada por essas duas rodovias, mais a da BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho, todas construídas nas últimas três décadas. Ao longo da Belém–Brasília, 55% da vegetação foi derrubada numa faixa de 50 quilômetros de cada lado da estrada. Às margens da PA-150, o índice ficou em 40% e, para a Cuiabá–Porto Velho, em 33%. O trabalho do Ipam concluiu ainda que dois terços do desmatamento total da Amazônia ocorreram nas vizinhanças de rodovias.

Nas projeções do biólogo William Laurance, às margens de uma estrada como a Cuiabá–Santarém, aberta nos anos 70 e cuja pavimentação está prevista no Avança Brasil, o desmatamento pode espalhar-se por até 200 quilômetros lateralmente ao asfalto. No caso das hidrelétricas, o avanço sobre a mata alcança uma extensão de até 25 quilômetros a partir das bordas dos reservatórios. Considerando o potencial de devastação de cada obra, a equipe projetou os totais desmatados. Para montar o cenário otimista, definiu-se a possibilidade de preservação de todas as reservas já existentes na Amazônia, florestais e indígenas. Na hipótese pessimista, calcula-se que os limites não serão respeitados em reservas à margem das estradas, por exemplo. O estudo conclui que as obras do Avança Brasil poderão incrementar em até um quarto os 20.000 quilômetros quadrados devastados todos os anos na floresta, totalizando uma superfície maior do que a do Estado de Sergipe podada a cada ano.

"É como permitir que se corte ao meio um bolo que antes era comido pelas bordas", diz Laurance, ao tratar da ação humana sobre a floresta. Ele se refere sobretudo à atividade das madeireiras, as pioneiras no avanço sobre a mata. O fenômeno da penetração seguindo a estrada como uma faca que vai separando nacos da região já pode ser observado no oeste do Pará, no entorno da BR-163, que liga a capital de Mato Grosso a Santarém. O esgotamento de antigos pólos madeireiros em outras regiões faz com que serrarias migrem dessas áreas para as margens da rodovia. Embora a estrada tenha sido aberta na década de 70 e permaneça sem pavimentação num trecho de mais de 1.000 quilômetros, quase impossível de transpor na época das chuvas, as madeireiras avançam em direção ao "meio do bolo". Ali existe um corredor de escoamento – precário, mas há –, e por ele milhares de metros cúbicos de espécies de alto valor comercial, como o ipê e o cedro, seguem para o sul ou sobem para o Porto de Santarém, para exportação. "A Cuiabá–Santarém é a verdadeira estrada da integração nacional", diz Edgar Antônio Brandt, presidente do Sindicato dos Madeireiros do Sudoeste do Pará, em Novo Progresso.

Esse município e a localidade de Moraes de Almeida, 100 quilômetros ao norte, concentram o mais novo pólo madeireiro da Amazônia. No final de 1997, não havia nem quinze serrarias instaladas por lá. Até o fim deste ano serão mais de 100. Em toda a rodovia, 150. Elas comem pelo menos 75.000 hectares de floresta por ano. Cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de madeira – com a qual se pode lotar mais de uma centena de navios – são retirados anualmente de lugares onde três anos atrás não se cortava uma única tora. Em 1995, Novo Progresso contava com 6.000 habitantes. Hoje tem 24.000. A vizinha Moraes de Almeida viveu o auge da produção de ouro, na década de 80, com 2.000 habitantes, escolas, hospitais, posto policial e até agência bancária. Quando o metal acabou, dez anos atrás, chegou a ter só 26 moradores. Agora, retomou o tamanho original. Como associa a chegada das madeireiras com progresso, a população das duas cidades se une aos destruidores da mata para reivindicar o asfaltamento da Cuiabá–Santarém. "Seria a realização de um sonho", afirma o prefeito de Novo Progresso, Juscelino Alves Rodrigues, do PSDB. O sindicato dos madeireiros calcula que, com o asfalto, o custo do frete da madeira, de 140 reais por metro cúbico, cairia quase à metade, tornando a região mais competitiva para esse tipo de comércio.

A ação destrutiva começa com a retirada da madeira. Em seguida, os madeireiros partem para uma área nova, e a terra arrasada que deixam para trás se transforma em local de plantação ou pastagem para gado. Pelas experiências do passado, sabe-se que o ciclo de aproveitamento da mata por esse modelo dura de vinte a 25 anos, gerando prosperidade e crescimento. Depois, vem a decadência. Ambientalistas acreditam que o asfalto é um meio de acelerar esse processo e que o governo deveria estudar mais o impacto de um programa como o Avança Brasil antes de iniciá-lo. Em Brasília, o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, afirma que os projetos previstos para a Amazônia podem ser revistos, se ficar demonstrado que prejudicarão a floresta. Diz Sarney Filho que o BNDES tem 800.000 reais para a elaboração de um relatório de impacto ambiental sobre esses planos. "Dependendo do resultado, o Avança Brasil pode até ser modificado", garante o ministro. Os brasileiros devem ouvir declarações como essa com muita desconfiança. Governo após governo, Brasília sempre optou por projetos desmiolados para a Amazônia. Nunca, até hoje, o bom senso prevaleceu. Preferiu-se sempre uma aparência de movimentação e de progresso, à custa do meio ambiente.

"Não dá para imaginar a instalação de uma redoma sobre a floresta, condenando populações locais ao abandono", diz José Paulo Silveira, secretário de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento, responsável pelo Avança Brasil. "A ocupação é inevitável e, portanto, é melhor que seja planejada." Para entender esse raciocínio, deve-se ter em mente que existem 19 milhões de brasileiros vivendo nos nove Estados da Amazônia Legal, a maior parte deles precisando de médico, dentista, mantimento e até democracia – coisas que hoje custam a chegar por trilhas e barcos. Já há exemplos de estudos e de atividades na Amazônia que podem dar emprego e dignidade a essa gente, sem destruição. Pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sediado em Belém, concluíram que a atividade madeireira é a grande vocação da região, que tem 83% de sua área imprestável para a agricultura ou a pecuária. O que parece um contra-senso – ambientalistas defendendo madeireiros – pode servir para demonstrar que, dependendo da maneira como é feita, a atividade das serrarias ajuda a preservar, em vez de devastar. Basta que se adote em larga escala o chamado manejo florestal, que consiste em selecionar as árvores a ser cortadas, retirá-las com o menor dano possível aos exemplares em volta e depois dar tempo para que aquela área da floresta se regenere. Ao contrário do que se costuma imaginar, não é nem o caso de plantar novas árvores. Basta deixar de pé os espécimes mais jovens e, dependendo do tipo de árvore, preservar alguns exemplares adultos, para gerar novas sementes. Essa atividade madeireira, que alia progresso econômico com preservação da natureza, exige, no entanto, um zelo formidável do poder público na tarefa de dar a permissão para o abate de árvores e fiscalizar ferozmente o cumprimento das regras de regeneração pelos empresários madeireiros. Do jeito que a coisa está, as madeireiras só destroem.

A pedido do Ministério do Meio Ambiente, o Imazon produziu outro relatório, em que identifica áreas públicas com potencial para a criação de florestas nacionais. Nessas áreas, nas quais já estão demarcadas florestas que somam 83.000 quilômetros quadrados, é permitida a exploração planejada de recursos naturais. Elas são arrendadas a terceiros mediante concorrência pública, e a retirada de árvores obedece a um planejamento, com fiscalização posterior do uso dessas áreas para evitar a destruição da natureza. Planeja-se chegar a 500.000 quilômetros quadrados – ou 10% da área total da Amazônia Legal. O Imazon calcula que com mais 200.000 quilômetros quadrados seria possível produzir o mesmo volume de madeira retirado hoje da região. "A criação de florestas controladas nas áreas para onde a indústria madeireira tende a se instalar é essencial para assegurar o manejo nessas novas fronteiras", diz o estudo. Como se vê, preservar não é tão difícil. Basta que a autoridade pública substitua a retórica pelo desejo efetivo de evitar a destruição do maior tesouro vegetal do planeta. O Fundo Mundial para a Natureza, uma organização preservacionista, estima em 500 bilhões de dólares o volume de dinheiro a ser tirado da exploração econômica de espécies selvagens. O Brasil entra nesse cálculo com 8% da madeira explorada no mundo, quase toda ilegalmente.

Para o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, a preservação da Amazônia passa necessariamente por esse tipo de mudança na exploração dos recursos da floresta. Não se trata de proibir o acesso à riqueza natural, condenando os habitantes da área à falta de assistência. Trata-se, isso sim, de criar condições para a exploração racional e a fiscalização implacável. Isso foi o que não se viu até agora. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a quem cabe zelar pela preservação e pelo uso racional dos recursos naturais, tem hoje menos de 200 homens nessa função na Amazônia. Mesmo diante das lições do passado, Sarney Filho rejeita as previsões catastrofistas sobre a infra-estrutura que será levada à selva nos próximos anos. Acha que será possível conciliar progresso e preservação do meio ambiente. "O governo está muito atento à questão ambiental", diz o ministro. O Brasil reza para que ele esteja certo e tenha os meios de realizar sua profecia.

Pode ser que o ministro tenha razão e a catástrofe não ocorra, mas com a Amazônia sempre é necessário cuidado. Todas as experiências anteriores de ocupação resultaram em fiasco. No auge da exploração da borracha, era tamanha a riqueza dos empresários do látex que eles se vestiam como ingleses e estouravam garrafas de champanhe francês em Manaus com a naturalidade de quem abre latinhas de cerveja. Atualmente, falta até água limpa na capital do Estado do Amazonas, que é banhada pelos rios Negro e Solimões, dois gigantes. Quando o bilionário americano Daniel Ludwig começou seu sonho de fazer no Amapá uma superfábrica de polpa de papel, há três décadas, pescava-se o gigantesco pirarucu na periferia de Manaus. Agora, é necessário entrar 200 quilômetros mata adentro para pegar um exemplar de bom tamanho. O grande projeto de rasgar a floresta com a Transamazônica acabou num lamaçal rapidamente reabsorvido pela selva. As colônias criadas em Rondônia transformaram o Estado numa imensa capoeira.

Hoje se sabe que o que parece uma indestrutível massa vegetal plantada sobre rios imemoriais é, na verdade, um frágil sistema sujeito a se desintegrar diante do menor abalo. Se toda a história da Terra durasse um ano, a vida da selva seria de um segundo. Há 80 milhões de anos, a floresta era um braço de mar. Depois foi um pântano por longo período e se tornou um cerrado, até mais ou menos 1 milhão de anos atrás. Não é pequeno o risco de que, numa próxima etapa, a mata ceda lugar a um descampado. A própria situação climática tem demonstrado esse perigo.

O fenômeno El Niño – conhecido há mais de vinte anos, porém imprevisível – age na costa do Peru, do outro lado da Cordilheira dos Andes, mas repercute na Amazônia com secas prolongadas. Ele aumenta em até 4 graus centígrados a temperatura da água do Pacífico. Uma massa de ar aquecido eleva-se naquela região e acaba descendo do lado de cá, sobre a floresta brasileira. A estiagem, numa época em que o tempo deveria ser úmido, multiplica os incêndios. E o calor de cada incêndio mata árvores que estarão ressequidas na queimada seguinte, o que cria mais matéria-prima para o fogo. Acreditava-se até agora que os danos decorrentes do El Niño seriam menores com a redução das queimadas. Neste ano, por exemplo, o governo federal e o de Mato Grosso formaram brigadas de fiscais e conseguiram reduzir pela metade o total de focos de incêndio no Estado em relação ao ano passado.

Só que esse efeito do El Niño é apenas o visível, o que acontece na superfície. Embaixo da floresta, no meio do entrelaçamento de raízes que vão a 20 metros de profundidade para capturar nutrientes, essa seca causa danos cumulativos. A água armazenada no solo não volta aos níveis normais com a próxima estação chuvosa e a mata fica mais sujeita à destruição. O fogo é o grande risco. Todos esses complicadores do El Niño vêm sendo estudados e descritos pelo americano Daniel Nepstad, do Centro de Pesquisa Woods Hole (WHRC), de Massachusetts, nos Estados Unidos, e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), entidade com sede em Belém. Nepstad, um biólogo de 42 anos doutorado pela Universidade de Yale, soma quase uma década de estudos na região e realiza um experimento dentro da Floresta Nacional do Tapajós, próxima à cidade paraense de Santarém. Ele cobriu 1 hectare de mata, área equivalente a um quarteirão, com 6.000 painéis de plástico dispostos horizontalmente a 1,5 metro do chão. Eles impedem que a chuva chegue ao solo, ao coletar a água e despejá-la a uma distância de 200 metros, por um sistema de calhas.

O processo simula a ação de um mega El Niño, deixando as raízes das árvores sem água. Computadores, aparelhos de medição instalados na vegetação e enormes buracos ao pé de algumas plantas completam o cenário. Ao lado do experimento, outro hectare de mata – sem a cobertura plástica – serve para comparação. Entre outras descobertas, Nepstad registrou que algumas árvores se defendem da seca estendendo suas raízes a até 50 metros do tronco, lateralmente, em busca de umidade. "Queremos saber quanto tempo esse pedaço de floresta agüenta até se tornar inflamável e, eventualmente, cair em pedaços com a mortalidade de árvores", diz ele. As árvores perdem folhas e isso é fatal, porque elas criam uma camada de material inflamável no chão, ao mesmo tempo que o sol alcança o solo e os troncos. Um lugar antes escuro e úmido torna-se quente e seco. Isso facilita tanto o incêndio ateado pelo homem quanto o fogo provocado naturalmente pela ação de raios.

Pelo lado da ação do homem, há alternativas para a exploração da Amazônia que não implicam devastação. A pesca esportiva, incipiente na área, reúne 35 milhões de adeptos no mundo e movimenta 38 bilhões de dólares por ano. Já se conhece um método de criação em cativeiro de pirarucu pelo qual cada exemplar leva metade do tempo normal para chegar ao peso de abate – mas a piscicultura não é largamente explorada. O ecoturismo gera 200.000 empregos só nos Estados Unidos e faz girar 260 bilhões de dólares por ano no mundo – menos de 0,05% disso na Amazônia. O Brasil está atrasado em todas essas frentes, assim como está longe de encontrar o modo racional de explorar reservas minerais enterradas na região e avaliadas em 1 trilhão de dólares. Só o projeto das florestas nacionais é pouco para conter a ameaça de devastação prevista nas pesquisas da equipe do biólogo William Laurance. Mesmo que os números que ele aponta possam ser piores que a realidade, eles indicam um perigo muito grave. Esperar para comprovar na prática que o cientista pode estar errado não é uma aposta confortável.

Fonte: Veja
Christian Schwartz, de Novo Progresso

Meio Ambiente e Desenvolvimento

A Revista Veja escreveu antes do evenco Eco 92: o mundo tem um encontro marcado no Rio de Janeiro para decidir que tipo de planeta será legado às próximas gerações. Líderes de mais de uma centena de países e outros 30.000 participantes reúnem-se na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Eco 92, o mais abrangente e ambicioso encontro internacional já realizado em toda a história da humanidade. Sua ambição é criar um código de conduta que, se for mesmo montado conforme os planos, terá o poder de alterar as relações entre os países e influir na vida de cada ser humano. Se fracassar, apagará a esperança de dotar a comunidade internacional de uma tábua de mandamentos práticos e morais capaz de substituir o vácuo das ideologias. Caso os países representados não mostrem o discernimento, a coragem e o músculo político para implementar as correções de rumo esperadas em torno das discussões sobre progresso e meio ambiente, o desfecho da conferência poderá redundar num desastre global sem precedentes. Na hipótese oposta, as pessoas estarão impedidas de esquecer o Rio de Janeiro de junho de 1992. Ali se terá construido a mais profunda mudança mundial em tempos de paz.

O que aconteceu depois

Dez anos depois da Eco 92, mais de 100 chefes de Estado e 60.000 delegados foram a Johanesburgo, na África do Sul, para discutir os progressos e problemas registrados desde o Rio de Janeiro. O balanço dos dez anos continha pouca coisa que pudesse sugerir que o encontro melhorasse significativamente a situação ambiental. A reunião no Rio tratou sobretudo de mudanças climáticas e biodiversidade. Os participantes concordaram com um programa ousado de combate à deterioração da terra, do ar e da água. Também decidiram buscar o crescimento econômico sem degradar o meio ambiente. Apesar das juras de amor à natureza feitas naquela época, pouca coisa saiu do papel. Dez anos transcorridos, apenas quarenta nações adotavam algum tipo de estratégia preservacionista. O que chegou a ser feito foi apenas um arranhão numa realidade desastrosa. Em 2002, as ameaças aos recursos naturais eram ainda maiores. Florestas, peixes, água e ar limpos estavam mais escassos. Duas das mais importantes fontes de biodiversidade, os recifes de coral e as florestas tropicais, foram tremendamente degradadas. As emissões de gás carbônico, o grande responsável pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento global, cresceram 10%. Nos Estados Unidos, que abandonaram o Protocolo de Kioto, o tratado assinado por 178 países para controlar as emissões desse gás, o salto foi de 18%.

Quanto ao crescimento sustentado, assunto tão debatido, a coisa parece caminhar para o fiasco. Usando estatísticas da ONU, o Fundo Mundial para a Natureza, a organização ambientalista mais conhecida pela sigla WWF, concluiu que os 15% mais ricos da humanidade (o que inclui as minorias abastadas nos países pobres) consomem energia e recursos em nível tão alto que providenciar um estilo de vida comparável para o restante do mundo iria requerer os recursos de 2,6 planetas do tamanho da Terra. Essa estatística ajuda a entender o dilema existente entre desenvolvimento e preservação ambiental. Os anos 90 foram de imenso crescimento na economia global. Perversamente, muito dessa prosperidade teve conseqüências desastrosas para o meio ambiente. Antes da reunião de Johanesburgo, a ONU divulgou um relatório sobre o impacto do atual padrão de desenvolvimento na qualidade de vida e nos recursos naturais. Ele diz que 2,4% das florestas foram destruídas nos anos 90, uma área equivalente ao território de Mato Grosso. O desmatamento é maior na África, que perdeu 7% de sua cobertura vegetal, e na América Latina, com 5%. A proporção de recifes de coral ameaçados saltou de 10% para 27%, apesar de protegidos pela Convenção da Biodiversidade. O consumo global de combustíveis fósseis cresceu 10%. Apenas três países ricos, Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo, mantiveram estáveis suas emissões de dióxido de carbono, o gás do efeito estufa.

Pela presença do homem em seu habitat, animais estão sendo extintos num ritmo cinqüenta vezes mais rápido que o do trabalho seletivo da evolução natural das espécies. Metade das espécies de grandes primatas, nossos parentes mais próximos na árvore da evolução, deve desaparecer nas próximas duas décadas, se nada mais consistente for feito para salvá-los. Individualmente, as agressões citadas acima seriam absorvidas pelo ecossistema global, acostumado a desastres naturais. O problema é a orquestração. Sem se dar conta, 6 bilhões de seres humanos se tornaram um fardo pesado demais para o planeta. Um estudo do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), divulgado também em 2002, revelou que o homem ultrapassou em 20% os limites de exploração que o planeta pode suportar sem se degradar. O cálculo partiu do pressuposto de que se pode explorar até 1,9 hectare por ser humano. Qualquer avanço além dessa cota nos deixaria sujeitos a catástrofes meteorológicas, como enchentes e secas, e perda de qualidade de vida para as populações futuras. Nessa conta, já estamos no vermelho, com a dívida contraída com a Mãe Natureza crescendo de forma assustadora. A média mundial de exploração é de 2,3 hectares por pessoa, contra 1,3 hectare há quarenta anos.

Mas o efeito mais terrificante por suas implicações no cotidiano das pessoas talvez seja o aquecimento global. A década de 90 foi a mais quente desde que se fizeram as primeiras medições, no fim do século XIX. Uma conseqüência notável foram o derretimento de geleiras nos pólos e o aumento de 10 centímetros no nível do mar em um século. A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da mesma forma que períodos de intensa atividade geológica lançaram à superfície quantidades colossais de gases que formavam de tempos em tempos uma espécie de bolha gasosa sobre o planeta, criando um efeito estufa natural. Ocorre que agora a atividade industrial está afetando de forma pouco natural o clima terrestre. Em 2001, cientistas de 99 países se reuniram em Xangai, na China, e concluíram que o fator humano no aquecimento é determinante. Desde 1750, nos primórdios da Revolução Industrial, a concentração atmosférica de carbono aumentou 31%, e mais da metade desse crescimento ocorreu de cinqüenta anos para cá. Amostras retiradas das geleiras da Antártica revelam que as concentrações atuais de carbono são as mais altas dos últimos 420.000 anos e, provavelmente, dos últimos 20 milhões de anos.

O planeta esquenta e a catástrofe é iminente

Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância. Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais. Derretimento dos pólos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano.

Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. O desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno.


Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro.


Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma organização deste porte. Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras.


A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes, o número merece atenção.


O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera.


O aquecimento global não será contido apenas com a publicação dos relatórios do IPCC. Nem com sua conclusão de que não sai tão caro reduzir as emissões de gases. Apesar de serem bons pontos de partida para balizar as ações, os documentos não têm o poder de obrigar uma ou outra nação a tomar providências. Para a obtenção de resultados significativos, o esforço de redução da poluição precisa ser global. O fracasso do Tratado de Kioto, ao qual os Estados Unidos, os maiores emissores de CO2 do mundo, não aderiram, ilustra os problemas colocados diante das tentativas de conter o aquecimento global.

Fonte:Veja em profundidade

15 abril 2009

Aquecimento Global e a falta de vontade política.


A proposta deste blog partiu de uma idéia que surgiu ao ver as noticias sobre aquecimento global e notar que estas até trazem algumas sugestões tecnológicas para a solução, porém o problema sempre esta na falta de vontade política.

Devido o Aquecimento Global ser uma questão mundial há a necessidade de uma ação em conjunto de todos ou pelo menos a grande maioria dos paises do mundo. Mais o que ocorre e que cada pais tem suas dificuldades e prioridades deixando a questão sempre em segundo plano, ou seja governantes não podem propor a redução dos gases causadores do efeito estufa em detrimento da economia sem perder votos e apoio de grandes grupos econômicos. Pois o seu eleitor muitas vezes não tem a questão como prioridade ou as vezes nem conhece sobre o assunto mais tem a economia como prioridade. Empresas não querem nem ouvir falar no assunto pois a redução dos gases do efeito estufa implicaria em novos investimentos em equipamentos para a redução destes gases ou para a mudança da matriz energética.

Pois bem a proposta é a seguinte: Se os governantes perceberem que o seu eleitorado é sensível a questão (e os políticos são muito atentos as opiniões e tendência do eleitorado) darão maior prioridade a questão ambiental. Se as empresas perceberem que nos consumidores estamos mais propensos a consumir produtos que tenha como valor agregado o combate ao aquecimento global como por exemplo um certificado impresso na embalagem atestando que o seu produto ao ser fabricado não produz CO2 ou que um determinado automóvel tem menores índices de emissão de gases-estufa, certamente darão prioridade a questão, fazendo desta mudança uma oportunidade para um salto tecnológico para uma economia mais sustentável.

A proposta não é de afrontamento ou de protesto isto é coisa para os profissionais da área os militantes ambientalista. Esta proposta é dirigida a todos os cidadãos como eu como você, trabalhadores, empresários, estudantes, donas de casa, profissionais liberais enfim pessoas de toda a sociedade e com interesses diversos, porém conscientes e informados sobre esta questão do aquecimento global que nos afeta a todos independente do pais onde vivemos ou da nossa classe social conseqüentemente com uma mudança de postura na maneira de votar ou na maneira de consumir, isto sim que ajudará em muito com que governos e empresas priorizem a questão pois nos cidadãos somos a base política e econômica. Esta mudança de postura não será um choque nem uma revolução mais sim uma mudança espontânea, onde os governos e empresas terão que se adaptar a seus eleitores e consumidores ou seja terão que adaptarem-se as mudanças da sociedade.

O desenvolvimento da atividade humana não produziu somente problemas como o aquecimento global, a humanidade experimenta atualmente níveis de riqueza nunca antes observados, porem precisamos saber resolver os efeitos colaterais deste desenvolvimento, efeitos estes como o aquecimento global que não foi previsto, mais pode ser resolvido.

Uma das coisas boas que o desenvolvimento tecnológico produziu foi a internet e justamente esta ferramenta que pode propiciar um movimento no sentido de conscientizar as pessoas sobre a questão pelo mundo a fora, independente da língua, crenças ou cultura em prol de um bem comum a toda a humanidade.

Assim o que você precisa fazer é ter uma postura mais consciente como eleitor e consumidor e divulgar este site para que um numero cada vez maior de pessoas se informem sobre o problema climático do aquecimento global, assim sem tomar nosso tempo, sem prejuízo as nossas atividades diárias poderemos através desta poderosa rede que é a internet e da consciência da nossa força política e econômica como eleitores e consumidores ajudar a resolver esta questão do aquecimento global.

Cadastre-se em nosso site para receber periodicamente boletins informando você com noticias sobre o assunto e sobre campanhas promovidas para persuadir órgãos, governo ou empresas a mudarem de postura em relação ao aquecimento global e para mostrar o quanto as pessoas estão atentas sobre a questão.

06 outubro 2008

Pequenos passos para contribuir com o meio ambiente

Alex Steffen diz que pessoas têm de traçar planos ousados para contribuir
com o ambiente e não se contentar com pequenos passos

Pequenos passos são insuficientes, diz ativista sobre soluções para o ambiente



Chega de falar de problemas e não apontar soluções. Munido com essa convicção, o jornalista norte-americano Alex Steffen, 40, abandonou os trabalhos que realizava junto a organizações de preservação ambiental e decidiu construir uma frente de batalha própria: o site Worldchanging (www.worldchanging.com).

Desde 2003, o site --que conta com cerca de 50 colaboradores em todo o mundo-- noticia iniciativas em prol de uma civilização "mais inteligente, mais eficiente e que trabalhe de forma mais harmônica com a natureza", segundo define seu criador.


O caldeirão de idéias, pesquisas e propostas em temas tão diversos como design e empreendedorismo social também desembocou em um livro, "Worldchanging: A User's Guide for the 21st Century" (Worldchanging: guia do usuário para o século 21 --ed. HNA Books; US$ 21,83; 608 págs.). Incensado por publicações como a "New York Review of Books", foi classificado como imprescindível para os "heróis cotidianos" de que o mundo precisa, nas palavras de Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, autor do prefácio.

Para o jornalista, o movimento ecológico vem se transformando porque seus porta-vozes compreenderam que todos desejam conforto e prosperidade. E, para os tempos que correm, defende outra mudança no discurso verde: o estímulo a ações de impacto imediato e amplo.

'Pequenos passos não são suficientes. Prefiro ver alguém pensando em uma grande mudança, em como modificar a companhia em que trabalha, por exemplo.' Leia a seguir trechos da entrevista que Steffen concedeu à Folha, de seu escritório em Seattle.

Folha - Por que o ativismo do passado não funcionou, como você diz?

Alex Steffen - Tratava-se, majoritariamente, de um movimento de crítica. Acho que a grande mudança dos últimos dez anos é que muitos ambientalistas se tornaram conscientes de que, sim, é necessário protestar contra a destruição da natureza, mas muito mais importante agora é tentar imaginar que tipo de sistema pode substituir aquele que temos hoje, de forma que haja prosperidade para mais pessoas. Ser ecológico tinha muito a ver com voltar ao passado, viver de modo simples, e as pessoas não têm grande interesse nisso. Na maioria dos lugares e das vezes, as pessoas querem opções para viver de forma mais moderna e próspera. Parte da questão hoje é ser realista sobre o que pode ser abandonado. Como, sabendo que as pessoas querem determinadas coisas, podemos redesenhar nossa civilização material para fazê-la mais inteligente, mais eficiente e trabalhar de forma mais harmônica com a natureza.

Folha - Quais são os principais desafios dessa tarefa?

Steffen - Há uma tendência hoje em falar de pequenos passos, do que você pode fazer para viver de forma mais ecológica, e que são coisas boas e que devemos fazer. Mas não são suficientes. Prefiro ver alguém pensando em algo grande, em como modificar a companhia em que trabalha ou o sistema educacional de onde vive. Os maiores desafios têm a ver com mudar o pensamento. Todos crescemos em sociedades em que se agia como se tudo fosse ilimitado. Se todos queremos ser ricos, temos que pensar de forma diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, tivemos problemas de energia. O que precisávamos fazer seria uma grande transição na maneira como criamos energia e em quão eficientemente a usamos, mas, em vez disso, o debate político por aqui são os motivos de não podermos explorar mais petróleo. A transição de que precisamos não vai se dar com pequenas reformas. Necessita da disseminação de uma onda global de inovação. O desafio é que nunca fizemos isso antes.

Folha - Qual será o melhor presidente para os EUA em termos de políticas ambientais?

Steffen - Worldchanging é apartidário, então talvez seja melhor dizer o que creio que precisa acontecer. Quem quer que ganhe em novembro, os EUA precisam mudar completamente sua abordagem em relação ao ambiente. Somos os piores poluidores do planeta. Somos o lar da maioria dos cientistas e de muitas das universidades 'top' do mundo, e muitos pesquisadores estão mergulhando nessa questão. O planeta como um todo tem a oportunidade de mudar. É necessário que o mundo inteiro se comprometa com esse tema, mas especialmente os EUA, para liderar o caminho. É nossa obrigação nos tornarmos sustentáveis primeiro. Será em benefício de nós mesmos se o fizermos. E se os EUA e a Europa liderarem o caminho rumo à sustentabilidade, o mundo os seguirá e terá muito mais ferramentas para trabalhar.

Folha - Qual a sua opinião a respeito do debate sobre desenvolvimento e preservação na Amazônia?

Steffen - A Amazônia é um dos grandes patrimônios da humanidade, e os brasileiros têm que cuidar dessa área de forma responsável. Sabemos que uma das maiores causas para a mudança climática é o desmatamento. A resposta não é desenvolver a Amazônia ou ser pobre, essa não é a escolha. Há alternativas para preservar a Amazônia e criar riqueza. É o caso em que, novamente, é necessária a colaboração internacional. Se os brasileiros desejam se comprometer com a preservação da Amazônia e iniciar um novo modelo de desenvolvimento, que a comunidade internacional leve isso em conta em negociações, em programas de desenvolvimento, em mecanismos de transferência de tecnologia etc. A Amazônia é muito importante para todo o planeta, e há melhores soluções do que a lotear. O tipo de desenvolvimento que o Brasil vai ter será muito melhor se o país buscar um caminho sustentável agora do que se tentar seguir um modelo baseado na disponibilidade de recursos por mais algumas décadas.

DENISE MOTA
colaboração para a Fonte: Folha de S.Paulo

Aquecimento global, fundador da CNN pede acordo para combater

Fundador da CNN pede acordo para combater aquecimento global


da Efe, em Barcelona

O empresário norte-americano Ted Turner previu nesta segunda-feira (6) um futuro catastrófico para o homem caso os líderes mundiais não cheguem a acordos, nos próximos 50 anos, para combaterem o aquecimento global ou frearem a deterioração do ambiente.

Ted Turner, fundador da rede de TV CNN, fez esta declaração durante discurso no Congresso Mundial da Natureza, do qual participa como representante da ONU (Organização das Nações Unidas) e que foi iniciado hoje em Barcelona.

Mais de 7.000 especialistas em assuntos ambientais, grupos indígenas, ONGs, empresas e instituições debaterão em Barcelona a defesa da diversidade dos ecossistemas e a luta contra a mudança climática.

Turner advertiu sobre os riscos de não se chegar a consensos sobre assuntos fundamentais como desarmamento nuclear, aquecimento do planeta, crescimento da população mundial, conservação das florestas ou desertificação.

"Não podemos fracassar", disse Turner, para quem os próximos 50 anos serão fundamentais. "A humanidade tem a possibilidade de viver em um mundo similar a um jardim do Éden ou morrer em um inferno ardendo entre chamas", declarou o representante da ONU.

Entre as principais ameaças à humanidade, Turner destacou a proliferação do armamento nuclear, que se concentra especialmente nas mãos dos Estados Unidos e da Rússia, mas que também está ao alcance de países como o Irã.

A afirmação de Turner de que a existência de armamento nuclear transforma o homem em uma "espécie em perigo de extinção" mereceu aplausos dos presentes à cerimônia de abertura do congresso.

Segundo o fundador da CNN, frear a deterioração do ambiente e combater suas ameaças é possível com o uso dos orçamentos que os Estados dedicam para fins militares. "Necessitamos de um novo Renascimento", afirmou.


Mediterrâneo

Já um grupo de especialistas ambientais defendeu a necessidade urgente de se criar uma rede de áreas marinhas protegidas para salvaguardar a biodiversidade no Mar Mediterrâneo, que tem apenas 3,8% de proteção ou gestão.

O Mediterrâneo dispõe de 7% de todas as espécies marinhas conhecidas, das quais boa parte é considerada exclusiva da região.

Neste sentido, os especialistas alertaram que, por se tratar de um mar fechado e rodeado por uma costa "superpopulosa", o Mediterrâneo está sendo gravemente danificado pela exploração excessiva de seus recursos e uma contaminação ligada à presença humana.

Fonte: Folha Online


Sem proteção "Lista vermelha" internacional indica que um quarto das espécies de mamíferos está ameaçada de extinção

Ameaça de extinção atinge um quarto dos mamíferos, diz estudo


Reprodução
"Lista vermelha" internacional indica que um quarto das espécies de mamíferos está ameaçada de extinção
Sem proteção "Lista vermelha" internacional indica que um quarto
das espécies de mamíferos está ameaçada de extinção



da France Presse, em Barcelona

A metade das espécies de mamíferos está em declínio numérico e um quarto está ameaçada de extinção, segundo a "lista vermelha" da (União Internacional para a Natureza), publicada nesta segunda-feira, em Barcelona.

Os especialistas da UICN, um dos principais organismos em matéria de biodiversidade, dedicou aos mamíferos o estudo mais completo já realizado sobre o tema.

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Lince ibérico (à esq.), diabo da Tasmânia e cervo do Pai Davi estão entre os mamíferos ameaçados de extinção, em diferentes graus de risco na lista da UICN


A UICN confirma a gravidade da crise atual: uma em cada quatro espécies de mamíferos está ameaçada de extinção, ou seja, 1.141 de 5.487 espécies registradas. No entanto, a realidade pode ser pior devido à falta de informação sobre 836 mamíferos, advertiu a organização, que realiza seu quarto congresso até 14 de outubro, em Barcelona.

Para os cientistas, a ausência de informações relativas a uma espécie é geralmente um mau presságio. "Na realidade, o número de mamíferos ameaçados de extinção poderá atingir 36%", considera Jan Schipper, um especialista da UICN, em um artigo publicado nesta segunda-feira a revista "Science".

"Nossos resultados mostram uma imagem muito sombria da situação global dos mamíferos no mundo", ressalta, indicando que "a metade está em declínio". Ao menos 76 espécies de mamíferos já desapareceram desde 1500.

No total, a lista vermelha da UICN, criada em 1963, lista 16,9 mil espécies de animais ou de plantas ameaçadas de extinção, contra 16,3 mil em 2007.

Na categoria de risco mais elevado, a de "perigo crítico", há 3.246 espécies, enquanto que 4.770 são consideradas "em perigo" e 8.912 estão "vulneráveis".

A expressão "em perigo crítico" significa que a probabilidade de extinção da espécie é muito grande. Na lista vermelha 2008, 188 mamíferos foram classificados nesta categoria, como o lince ibérico (Lynx pardinus).

Algumas espécies como o cervo do Pai Davi de origem chinesa (Elaphurus davidianus) não existem mais em estado selvagem e vivem apenas em cativeiro.

Cerca de 450 mamíferos foram classificados na categoria "em perigo", como o diabo da Tasmânia (Sarcophilus harrisii), um marsupial carnívoro cuja população caiu mais de 60% nos dez últimos anos, em motivo do aumento de casos de tumor canceroso facial.

O gato pescador (Prionailurus viverrinus), no Sudeste Asiático, passou da categoria "vulnerável" para 'em perigo', vítima da destruição de seu habitat natural.

Mas a situação ainda pode ser revertida: graças a diferentes programas de conservação, resultados animadores foi obtidos com 5% dos mamíferos ameaçados. Com isso, o toirão americano (Mustela nigripes) é considerado simplesmente "em perigo", depois de ter sido reintroduzido com sucesso no México, enquanto que anteriormente era classificado como "extinto em estado selvagem".

O cavalo selvagem (Equus ferus) foi reintroduzido com sucesso na Mongólia. "Quanto mais esperarmos, mais caro custará para impedirmos novas extinções de espécies", advertiu Jane Smart, responsável pelo programa de espécies da UICN.

Fonte: Folha Online


 
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